Na dúvida se os bricks e os revestimentos com cara de cimento queimado continuam em alta? Confira aqui todas as tendências reafirmadas nessa edição da feira
Por: Cristiane Teixeira Fotos: Divulgação e Arquivo pessoal
Muito do que atraiu o meu olhar na edição 2018 da Expo Revestir permanece atual. Isso é o que difere tendência de moda. A moda é passageira, mas o que é tendência aponta direções de mais longo prazo.
O cinza, principalmente com jeitão de cimento queimado, integra coleções de todas as marcas de revestimentos, não tenho dúvida. E vem na forma de cerâmica, porcelanato, laminado de madeira, piso vinílico… Até as superfícies ultracompactas que misturam resinas, quartzo e outros minerais oferecem esse visual.
A essa constatação, somo outra: há muitas cores para quem quiser se servir dos revestimentos para colorir a casa. Os matizes vão dos claros aos escuros, mas quase sempre em versões mais apagadas.
Ainda assim é possível encontrar lançamentos de coloração vibrante, como a linha Vibra Hexa, da Eliane. E a Decortiles apresentou os azulejos Marrakesh, que lembram uma argila esmaltada de modo artesanal. O modelo integra a coleção Deserto das Cores, uma interpretação de regiões áridas em tonalidades quentes e texturas granulosas.
Outro setor que definitivamente cedeu ao arco-íris foi o de metais para cozinhas e banheiros. Aos tradicionais cromado e ouro e ao recente rosé gold, juntaram-se misturadores e torneiras com cores metalizadas. As principais? Níquel, ouro-velho, cobre, grafite e, claro, corten, o queridinho da vez (confira aqui).
Quanto aos cobogós, eles ainda dão muito o que falar e ousar. É o caso do modelo Plano (40 x 40 cm), do designer Zanini de Zanine para a Solarium: um lado da peça é liso e o outro tem volume. Essa característica, segundo o fabricante, pode baratear o custo de produção.
Outra que inova é a Palazzo, lançando o Aresta, um elemento vazado que mede 1 x 1 m. Feito de um concreto menos poroso e mais leve, este cobogó é maior que os demais.
Formatos marcantes entre pequenos e grandes
Para quem ainda não se cansou dos azulejos que lembram as estações londrinas de metrô, existem novidades. Conhecidos como bricks esmaltados, eles estiveram na feira, porém com menos insistência que nos últimos anos. Reparei, ainda, em uma maior variedade de dimensões.
Na Incepa, por exemplo, os exemplares da linha Drops medem 11 x 25 cm e vêm em tons de bala, como anis, menta e uva. A proporção muda na linha Paris, da Portobello: 10 x 20 cm. A Ceusa reapresentou a linha Invertido (7 x 24 cm), acrescida da Living Coral, cor do ano para a Pantone.
Continuam se destacando os bricks rústicos. São aqueles revestimentos mais parecidos com tijolos do que com azulejos – mesmo que, às vezes, não levem argila nenhuma. Exatamente o que acontece com a coleção Urban Brick, da Santa Luzia. As peças, aqui, derivam da reciclagem de resíduos plásticos, em especial a espuma de poliuretano utilizada em refrigeradores.
A Lepri, por outro lado, investiu na matéria-prima original, a argila, para criar a Arcobaleno. Trata-se de uma coleção de tijolos em cores intensas, como azul-marinho e verde, além de tons metalizados. O produto também tem seu lado sustentável, já que a massa e o esmalte incluem o vidro (descontaminado!) de lâmpadas fluorescentes descartadas.
Os grandes formatos estão maiores do que nunca. Chega a ser assustador ver porcelanatos medindo 3,20 x 1,60 m! É claro que esse tamanho é exceção. Mas virou regra encontrar placas de 1 x 1 m, de 1,20 x 0,60 m, de 1,60 x 0,80 m, de 2,60 x 1,20 m…
A situação se repete entre os pisos laminados de madeira: já há réguas com 44,5 cm de largura. Quem responde por elas é a Eucatex, com a linha Gran Elegance Eucafloor, que ganhou dois novos padrões.
Padrões que nunca ficam pra trás
Entre as estampas dos revestimentos cerâmicos, os grafismos continuam chamando a atenção. E uma referência importante, nesse caso, são os desenhos tipicamente orientais. Não à toa, a nova coleção de azulejos da Lurca foi batizada como Oriente.
Já faz mais de duas décadas que escrevo sobre cerâmicas que reproduzem pedras naturais. A tecnologia se aprimorou tanto que nem sempre é simples diferenciar o original do industrializado. E parece que, vencidas essas dificuldades, agora os fabricantes ambicionam a reprodução das pedras mais exóticas e nobres.
Digo isso porque reparei em um bom tanto de porcelanatos muito especiais. Eles fazem as vezes de mármores tão exclusivos quanto o sahara noir, da Tunísia, e o calacata gold, da Itália (até revestimento cimentício nesse padrão eu vi). Ou de rochas como o limestone belga blue stone, o ônix e o travertino gold.
É impossível falar em revestimentos e não mencionar a madeira. Ela continua inquebrantável, quer em sua forma natural, quer como matéria-prima de laminados ou como padrão de acabamento.
Como padrão de acabamento, a maior novidade está na reprodução de espécies incomuns no Brasil. Mas não só: além das madeiras desgastadas pelo uso, as fossilizadas e carbonizadas desafiam os designers. Chegam a ser impressionantemente fiéis os porcelanatos e revestimentos de concreto inspirados na técnica japonesa de preservar a madeira queimando suas camadas mais externas, a Shou sugi ban.
Como não se trocam os revestimentos da casa como se troca de roupa, fique atento para fazer boas escolhas. E, mais importante, lembre-se de que a casa sua, portanto deve ter a sua cara!