Minha casa, Minha cara

Construída nos Estados Unidos, ela capta toda a água que utiliza, produz energia a partir do sol e trata o esgoto que gera

Cristiane Teixeira

Por: Cristiane Teixeira Fotos: Kevin Scott e Gabe Border/Olson Kundig

Quem não gostaria de se ver livre das contas mais básicas que resultam do funcionamento de uma casa? Acho que todo mundo, né? Mas são poucos os que fazem como o casal Carol Horst e Bruce Shaver, moradores da Califórnia. Eles encomendaram a um grande escritório de arquitetura de Seattle, o Olson Kundig, um refúgio de férias 100% autossuficiente. Um refúgio para os encontros com os dois filhos adultos em pleno Deserto do Mojave, onde as temperaturas são sempre desafiantes: ou tórridas no verão ou congelantes no inverno.

 

Nenhum desses extremos é problema, pois a construção batizada como Sawmill foi pensada para lidar com eles. Enquanto telhadão sobre o coração da casa – a ala social, onde a família se reúne – aumenta a área sombreada e reduz a entrada do calor, o grande painel envidraçado na fachada principal é aberto para acolher todo o vento fresco que sopra naquela direção, refrescando o interior. Já no frio, a lareira entre as salas de estar e jantar vira protagonista, pois manda ar quente para o piso e para as paredes de blocos de concreto, distribuindo o calor pelos ambientes.

Para produzir toda a eletricidade de que os moradores e a casa precisam, foram instaladas em uma área a poucos metros da construção placas fotovoltaicas que captam a energia do sol. Se o equipamento der defeito ou o tempo ficar fechado por mais de uma semana, entra em ação um sistema a gás. Mas, no dia a dia, esse combustível só é útil para cozinhar. A água, por sua vez, é bombeada do lençol freático (usando, para isso, a energia fotovoltaica!), recolhida em um tanque e, a partir dele, direcionada por gravidade para a cozinha e os banheiros. Depois de utilizada, ela é tratada por um biodigestor e então retorna limpa ao solo.

Concluída em sua maior parte em 2014, a Sawmill já demonstrou que não é autossustentável apenas no papel: na vida real, tudo o que o projeto prometia aconteceu e os proprietários não poderiam estar mais satisfeitos. “É um prazer dirigir até lá, não tendo visitado o local por três semanas, e perceber que há eletricidade e a cerveja está gelada na geladeira”, declarou Bruce à revista Dwell, em reportagem publicada em novembro de 2017.

Projeto que vale prêmios

A comprovação da eficiência da proposta foi um dos aspectos considerados pelo júri da premiação COTE Top 10, ou, como é mais conhecida, Top 10 Sustainable Designs for 2018 (Os 10 Projetos mais Sustentáveis de 2018), que divulgou na primeira semana de maio os vencedores – entre eles, a casa de Carol e Bruce assinada pelo arquiteto Tom Kundig, do Olson Kundig. Mais recente entre as honrarias recebidas pela Sawmill, o prêmio, concedido pelo AIA-American Institut of Architects e pelo COTE-Committee on the Environment, é aberto a projetos de arquitetos americanos realizados em qualquer lugar do mundo.

Não foi apenas o desempenho das instalações da casa que impressionou os jurados, mas também a forma como a arquitetura foi concebida e executada, valendo-se de itens reciclados, revestimentos só quando estritamente necessários e de materiais econômicos. Inicialmente, a construção seria de concreto moldado na obra, mas arquitetos e clientes mudaram de ideia quando se deram conta de que a substituição por blocos de concreto reduziria o gasto com as paredes em quase 50%.

As 25 toneladas da estrutura metálica foram reaproveitadas de uma fábrica de cimento desativada na região – a economia, só nesse item, foi de US$ 40 mil, segundo o escritório Olson Kundig. A roda e a engrenagem que movem o painel envidraçado, originalmente parte de uma bomba d’água, estavam abandonadas. Recuperadas de um galpão no terreno, também saíram de graça as madeiras transformadas em portas, degraus de escada e mesa de jantar.

Tantas qualidades mereceram comentários elogiosos do júri do COTE “Esta casa captura a fenomenologia de viver no deserto com o uso de materiais simples, frugais e recuperados. O conceito e a composição são elegantes, porém diretos (…) Se uma habitação unifamiliar for construída num clima desértico, é assim que se faz. A casa, através de sua simplicidade de tirar o fôlego, proporciona uma conexão calma, mas muito inteligente, com esse lugar profundo e ocasionalmente hostil”.

Quer reduzir o lixo? Veja nossa série de dicas aqui!

Para ver mais detalhes deste projeto e conhecer os outros vencedores, clique aqui.

Da arquitetura para a decoração

É justamente o dueto composição elegante e simplicidade de tirar o fôlego, mencionadas pelo júri, que me inspira hoje: os móveis e acessórios que selecionei se valem dessas mesmas características e ainda lembram a casa por suas tonalidades, linhas e materiais.

  1. Sofá-Cama Sonho, da MMM;
  2. Mesa de centro Jamile, da Oppa;
  3. Tapete Albuquerque, de algodão, da Oppa;
  4. Cristaleira 1 Porta Garbo, da MMM;
  5. Banqueta Lucy, com estrutura de aço, da Oppa;
  6. Espelho Ametista, com prateleiras, da Oppa;
  7. Prateleira Brisa, da MMM;
  8. Estante de Parede 45 Nichos, da MMM

Até o próximo post!

Beijos!

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