O Nightingale 1, construído no subúrbio de Melbourne, na Austrália, é exemplo de boa arquitetura e qualidade de vida para os moradores.
Por: Cristiane Teixeira Fotos: Peter Clarke e Eve Wilson | Meu Móvel de Madeira
Quem dera houvesse milhares de edifícios da mesma forma que o prédio Nightingale no Brasil… Enquanto por aqui proliferam os conjuntos residenciais com torres altas e apartamentos entre 40 m² e 80 m², com plantas repetitivas e raro cuidado quanto a insolação e ventilação. Em Melbourne o arquiteto Jeremy McLeod, do escritório Breathe Architecture, decidiu que queria fazer diferente. “Nosso objetivo é entregar apartamentos bem projetados, ambientalmente sustentáveis, acessíveis e que ajudem a construir a comunidade”, declarou MCLeod em entrevista ao blog australiano The Design Files. A reportagem é apenas uma entre as inúmeras que estão saindo sobre o empreendimento, principalmente destacado com dez premiações só nos últimos 20 meses.
Quando fala em apartamentos acessíveis, McLeod está falando de preços cerca de 15% abaixo dos valores cobrados pelo mercado imobiliário local, caro e em franca expansão. A receita do Breathe Architecture para construir de modo econômico passa longe da redução da qualidade do projeto arquitetônico ou dos materiais de construção.
Ao contrário, a fim de que as unidades pudessem dispensar as instalações de ar condicionado, os arquitetos que desenharam o Nightingale 1 pensaram em como aumentar a ventilação natural no edifício de cinco andares. Assim criaram um núcleo central aberto com elevador, jardim e escada, arejada por telas de aço.
Cada apê tem a sua varanda, montada com uma estrutura metálica leve. Que dialoga com o estilo arquitetônico dos armazéns vizinhos e faz das fachadas um elemento charmoso. Pelas varandas o ar entra e percorre o interior, já que há janelas para realizar a ventilação cruzada.
Receita para baixar custos
Também para reduzir os gastos na obra, não existem garagens subterrâneas. E todos os apartamentos têm apenas um banheiro, mesmo que haja dois quartos. Lavanderias individuais foram igualmente abolidas em troca de um ambiente de uso coletivo no alto do edifício.
A cobertura do prédio é aproveitada intensamente em todos os sentidos. Tanto oferece lavanderia e varal, como jardim, horta, churrasqueira e decks para lazer. E reúne as placas de captação de energia solar e os tanques de coleta de água da chuva, destinada à irrigação das áreas verdes e aos banheiros de uso comum. Um bicicletário franqueado somente aos moradores ocupa parte do térreo. O restante desse pavimento pode ser acessado pela comunidade, que dispõe ali de um restaurante e de um escritório de arquitetura.
Como são pouco compartimentados, os 20 apartamentos – de 52 m² a 57 m² no caso de um dormitório e de 80 m², no caso de dois, fora as varandas. Oferecem a sensação de espaço, que é reforçada pelo pé-direito alto, de 2,90 m. Mas não há luxos nos acabamentos! O teto e as bancadas são de concreto. Já as instalações hidráulicas e elétricas são aparentes e o piso leva madeira reciclada.
Projeto feito para ser replicado
O conceito do Nightingale 1 é consistente. Por isso, seus idealizadores estão determinados a criar um novo modelo de habitação para a Austrália. O Breathe Architecture convenceu outros sete importantes escritórios de arquitetura de Melbourne a se juntarem e fundarem o Nightingale Housing. Um negócio sem fins lucrativos que está projetando e construindo outros prédios e um condomínio horizontal nesses mesmos moldes.
Não faltam interessados em comprar os novos imóveis que, todavia, só são vendidos para quem realmente vai morar neles. Assim sendo, tudo o que os responsáveis pela iniciativa querem é evitar os investidores e a especulação imobiliária.
Sem dúvida, não faria bem a nós, brasileiros, ter vários Nightingale por aqui?
Da arquitetura para a decoração
É engraçado, mas cada uma das peças da seleção de hoje está aqui por um motivo diferente. Dê uma olhada!
A modulação da Estante Biscoito Fino, da Oppa, me lembra muito a fachada do Nightingale 1.
Conjunto Mesa Lateral Trio, da Oppa: e não é que as peças leves e vermelhas conversam com os conduítes à vista nos apartamentos?
O paralelo é entre a esquadria quadriculada preta na cobertura do predinho e a Estante Garbo, da MMM.
Suporte para bicicleta Selin, da MMM: tudo a ver com projetos focados no bem-estar comum.
A escada com guarda-corpo de tela de aço me remeteu ao padrão do Tapete Teia, da Oppa.
Cachepô Holi, da MMM: ele ficaria perfeito no jardim da cobertura.