Quem pesquisa na internet opções de hospedagem vegana encontra uma listinha razoável de endereços em várias partes do mundo. Existe até mesmo uma meia dúzia de estabelecimentos no Brasil.
Porém, é só começar a ler sobre esses lugares para descobrir que o veganismo comparece apenas no prato. Ou, se está em outros aspectos dos hotéis, isso não fica evidente. Ora, quem não ingere nem leite nem mel – o que dizer das carnes, então? – costuma adotar uma rotina que recusa qualquer produto de origem animal.
E isso ultrapassa em muito a questão da alimentação. Justamente o que desejava mostrar o estúdio especializado em design de comida Bompas & Parr ao criar aquela que está sendo chamada de a primeira suíte vegana de hotel, em Londres. “O veganismo não é mais apenas uma tendência alimentar, mas também pode influenciar a escolha do estilo de vida”, dizem os idealizadores da proposta.
Se mata ou prejudica os animais, não pode
Afinal, vegano que é vegano evita a todo custo remédios e cosméticos testados em animais.
Dispensa calçados de couro e troca os casacos de lã natural pelos sintéticos ou de fibras vegetais.
Nada mais lógico, portanto, que os adeptos do veganismo estendam suas convicções à decoração da casa. Poltrona de couro e almofadas de seda? Nem pensar! Tapete de pele? De jeito nenhum! E como dormir tranquilo se a cabeça repousa sobre um ultramacio travesseiro de plumas de ganso?
Pois foram acessórios como esses que os designers do Bompas & Parr baniram da nova suíte do Hilton Bankside, na margem sul do rio Tâmisa. No lugar deles, entraram versões ambientalmente mais corretas.
Opções boas para todo mundo
No ambiente recém-inaugurado, que inclui quarto, banheiro e sala, a lã dá lugar ao algodão no carpete. Já o menu de travesseiros é variado. Estão disponíveis modelos com recheio de sementes de painço, de casca de trigo sarraceno, de espuma de fibra de bambu e de poliéster reciclado.
Mas são a cabeceira da cama, o sofá e as almofadas que levam o material mais inovador do projeto. Parece couro, porém trata-se de um revestimento ecológico, feito das fibras de celulose encontradas nas folhas do abacaxi. Lançado em 2014, o Piñatex é considerado tão resistente quanto o couro. Além disso, aproveita um subproduto da lavoura do abacaxi, uma matéria-prima que normalmente teria como destino o lixo.
Segundo o website da The Vegan Society, “tudo o que se toca na suíte vegana é adequado para um estilo de vida vegano, incluindo os produtos de higiene pessoal”. E continua: “Lençóis e toalhas são lavados em detergente ecológico e produtos veganos são usados na limpeza do quarto”.
E basta observar as fotos para perceber que a suíte vegana não deixa nada a dever às convencionais. Eu só fico mesmo na dúvida quanto ao conforto dos travesseiros – mas nunca experimentei nenhum dos tipos citados, que fique claro.
A conclusão, para mim, é que não é preciso ser vegano para ter e amar decoração vegana.